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Miss Messy

Miss Messy

Despedi-me, mas estou feliz!

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Talvez alguns de vós se recordem de um post meu escrito o ano passado: E se eu me despedisse? Seria mais feliz?.

Foi escrito numa altura em que me sentia muito em baixo, extremamente infeliz profissionalmente e completamente derrotada pelo ambiente mais tóxico que uma empresa pode ter.

As noites de Sexta-Feira e os dias de Sábado eram uma alegria, as tardes e noites de Domingo um verdadeiro pesadelo. 

Jamais me esquecerei do quanto chorei no meu último dia de férias. Eram 5 da manhã e eu estava agarrada ao meu mais que tudo a soluçar só por saber que os meus 15 dias de pura felicidade tinham terminado e que se sucederiam meses e meses de verdadeiro tormento.

Muita gente se questiona sobre o porquê de ter demorado tanto tempo a tomar a decisão de me despedir, de mudar de vida. A resposta é simples: MEDO e ACOMODAÇÃO.

Não é fácil tomar uma decisão destas, existem muitas responsabilidades em jogo. Para a grande maioria das pessoas existem filhos, casa, carro e tantas outras responsabilidades para as quais um salário mensal fixo é extremamente importante. No meu caso, a decisão poderia ter sido mais simples uma vez que não tenho tantos encargos financeiros, no entanto, sonhava com a minha futura casa própria e por isso, na altura, decidi que já que profissionalmente fazia algo que detestava, pelo menos que isso me trouxesse a felicidade de concretizar alguns sonhos e por isso mesmo, durante meses andei numa procura exaustiva pela casa perfeita. Hoje respiro de alívio por não a ter encontrado e por ter conseguido ir a tempo de definir as minhas prioridades.

Certa tarde, após mais um extenso e exaustivo dia de trabalho, decidi que ao invés de apanhar o metro, desceria a Avenida da Liberdade a pé para espairecer.

Ao longo da minha caminhada pensei muito. Sentei-me numa esplanada e em silêncio admirei as pessoas ao meu redor. Havia de tudo um pouco: pessoas felizes, pessoas cabisbaixas. Tentei olhar para mim mesma. Há muito que ouvia os que me são mais próximos dizer que estava diferente, que me sentiam triste, desmotivada. Eu própria sabia que o meu EU se estava a deixar consumir pela nuvem negra da empresa dando lugar a uma pessoa constantemente triste, inconformada, e resmungona. Essa pessoa não era eu, eu nunca fui assim! "Isto tem de acabar!" pensei para comigo e foi então que numa esplanada da Avenida da Liberdade após uma breve reflexão introspectiva tomei a minha decisão. Liguei ao meu mais que tudo, disse-lhe que me ia despedir e recebi todo o apoio do mundo. Corri para casa dos meus pais e entre lágrimas expliquei-lhes que tinha de me despedir desta empresa e tive uma reacção muito positiva e acolhedora, um apoio sem igual que me encheu o coração.

No dia seguinte entreguei a minha carta de demissão com um sorriso tão grande que por mais que tentasse era impossível disfarçar. A felicidade estava estampada no meu rosto e eu sentia que me tinham tirado 500 KG  de cima. Que estupidez não acham? Mas é a verdade.

Como tinha de dar dias à empresa, aproveitei (sem faltar às minhas obrigações laborais) para enviar currículos e desde então já tive algumas entrevistas. 

Neste momento, não me interessa se em termos salariais irei receber aquilo que recebia aqui pois no momento, o que mais me interessa é sentir-me feliz profissionalmente.

Já se passaram 35 dias, na próxima semana termino o meu último dia na empresa. Todos me dizem que pareço outra pessoa, que estou com um ar aliviado e feliz e a verdade é mesmo essa, despedi-me, mas estou feliz!

 

A felicidade e o bem estar mental e emocial não têm preço.

 

E se eu me despedisse? Seria mais feliz?

 

 

 

 

Há algum tempo que tenho vindo a questionar-me se a nível profissional faço aquilo que realmente gosto ou se estou a trabalhar apenas pelo salário que recebo no fim do mês.

Quando percebo que os Domingos a partir das 18H são altamente depressivos, que a vontade de trabalhar é nula e que o meu maior sonho neste momento é não só ir de férias como não voltar mais para este tormento, apercebo-me de que não só não gosto do meu trabalho como estou à beira de mandar tudo pelo ar.  

A vontade de me demitir é grande mas o mercado instável faz-me sempre recuar na minha decisão.

Cada vez mais me apercebo do quão importante é a nossa satisfação e realização profissional e que a mesma muito dificilmente se consegue desgrudar da satisfação pessoal. Neste momento, a minha frustração está estampada na minha cara e nas minhas atitudes. Eu que sempre fui pro-activa e alegre, dei por mim vencida pelo cansaço e pela frustração do dia-a-dia. Posso dormir 8 horas mas chego a casa sempre de rastos e sem paciência para nada - 12 horas fora de casa e num sítio que não me deixa feliz, não seria para menos.

Dei por mim a perder qualidade de vida, a viver para o bem estar laboral dos meus superiores e a rebaixar-me a tudo. Há dias em que me sinto altamente sensível e só me apetece chorar e ficar os fins-de-semana no sofá deitada o dia todo - que deprimente, não acham?

O mais engraçado, é que a maioria das pessoas que me rodeiam estão igualmente esgotadas com esta rotina que nos é exigida diariamente e pela falta de reconhecimento de esforço e empenho por parte das empresas.

 

Há uns bons anos, quando terminei a licenciatura, deparei-me com um mercado de trabalho completamente saturado e sem opções para trabalhar na minha área de estudos. Como não me quis juntar aos milhares de desempregados da altura, decidi procurar trabalho e em áreas diferentes. Tive sorte, posso considerar. Nos últimos oito anos, sempre trabalhei em boas empresas, fui sempre ganhando mais e mais e nunca soube o que era a palavra desemprego, no entanto, não estou feliz.

A célebre citação "faz o que gostas e não terás de trabalhar um só dia da tua vida" parece-me cada vez mais uma utopia, uma completa irrealidade. "Larga tudo e procura algo que gostas", é outra das coisas que me dizem muito por aí, e meus queridos, não imaginam a vontade que tenho de o fazer...mas e depois? O que faço com os efeitos colaterais que essa decisão pode trazer? O que faço com as contas da casa, com a alimentação e tudo mais?

Largar tudo seria óptimo, mas neste momento impossível...ou perigoso.

 

Tenho uma vontade imensa de trocar o meu emprego por algo que me dê mais prazer, ainda que ganhe metade do que recebo actualmente. Não quero parecer ingrata, ainda para mais num país que tem uma taxa de desemprego tão significativa como o nosso, mas será justo depois de tantos anos de estudos e investimentos em cursos estar condenada a fazer algo que detesto?

Independentemente de tudo, decidi entrar em 2017 com uma atitude laboral mais positiva. Comecei a enviar currículos para empregos onde julgo que seria muito mais feliz  do que a minha conta bancária porque em boa verdade, começo mesmo a achar que a felicidade não tem preço.

 

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