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Miss Messy

Miss Messy

Calma aí que, isto de usar Chanel, não é para todos!

 

Sempre pensei que, a ideia de "só quem nasceu num berço de ouro é que pode tudo" tivesse os dias contados em Portugal porque, achava eu, que a sociedade tinha evoluído de alguma forma e que, a gentinha presunçosa que por aí anda, conseguiria alcançar um nível superior de sensatez para com os outros e para com o mundo e deixar de lado certos rótulos que, simplesmente, decidem colocar às pessoas. Estava enganada. O mundo, e sobretudo o nosso pequeno país à beira mar plantado, continua a fazer questão de pôr cada um no seu lugar.

 

Há uns tempos, jantava eu muito tranquilamente em Lisboa quando, ouço fortuitamente, a conversa de duas dondocas todas cheias de nove horas - novinhas - que se sentavam na mesa do lado. Ora, o tema de conversa recaía sobre a Dona Dolores Aveiro - mãe do nosso querido CR7 - e sobre " o desperdício que é uma mulher daquelas que, toda a vida viveu nas barracas da Madeira, assoar-se a um lenço Chanel. É descabido e não lhe fica nada bem.". Quase que fiquei com a amêijoa que estava a comer entalada na garganta. Aquelas duas insolentes - que não têm outro nome - acham que a mãe de um bilionário que, pode inclusive limpar o rabiosque a tecido feito em ouro, nem sequer devia ousar andar com um lenço Chanel! Fiquei indignada com a conversa que ouvi e só me apeteceu entornar o resto do molho À Bulhão Pato em cima da cabeça tresloucada das duas!

A Chanel e outras marcas de grande gabarito são marcas com muita classe, concordo, no entanto, não sobrevivem de pessoas que acham que têm classe mas sim, de quem tem poder de compra, de quem pode despender de dinheiro para alimentar estas extravagâncias.

 

A minha avó era uma mulher do norte. A típica senhora que usava o lencinho na cabeça, que ia para o campo cavar batatas e que passava o dia de galochas nos pés. Acho que nunca na vida soube o que era a Chanel, no entanto, se alguma vez lhe tivesse saído o euro-milhões, e se, do dia para a noite, lhe começassem a dizer que a Chanel é que era uma boa marca para se vestir e ela decidi-se começar a usar, ninguém tinha nada a ver com isso. O dinheiro era dela e se, ela era bilionária, poderia até comprar um inchada da Hermès.

 

É gentinha como esta que põe o país virado de pernas para o ar e que me repudia completamente. Não é porque vêm de uma família com dez apelidos  que ganham direito a cartão de sócio da Chanel, ou é?!

 

Vamos la ver se nos entendemos...

 

A mania de querer ser chique na terceira pessoa...

Reconheço que este post pode ferir susceptibilidades mas cada um é livre de achar o que quer e o que bem entender e por isso cá vai a minha opinião: acho ridículo ouvir casais - principalmente os mais jovens - tratarem-se por você e pior ainda é ouvir pais a tratar por você os filhos. É de um distanciamento e de uma frieza que me deixam inquieta. Eu trato por você pessoas que não conheço, que mal conheço, colegas de trabalho - exceptuando alguns - e dezenas de familiares mais velhos apenas por uma questão de respeito e porque, convenhamos, pertencem a uma geração onde o tratamento na terceira pessoa era obrigatório e fazia parte da educação...Ah mas esperem, quase que me esquecia, nos dias que correm não tem a ver com educação mas sim com uma questão de distinção de classes sociais...é chique! Casais que se tratam assim têm mais chá, mais etiqueta, são mais educados e por norma, mais abastados financeiramente - ou fingem tudo isto e vivem das aparências.

É tão chique dizer a um filho "Martim, venha cá à mãe, quer um gelado?", e também é igualmente chique dizer à cara metade "Gosto tanto de si, é o amor da minha vida. O que gostaria de jantar hoje? Estava a pensar num risoto, agrada-lhe a ideia?". Tudo isto é tão mas tããoo chique! E na intimidade, já imaginaram? Deve ser algo do tipo "está a gostar querida?" ou "isso mesmo querido, não pare, você é fantástico" ou talvez se limitem apenas ao silêncio que é para a coisa ser mais educada.

Bom, mas o que achei particularmente curioso foi uma situação que vi à dias. Estava a ver - a cuscar para ser mais precisa - a página de Instagram de uma figura pública - com os seus 30 anos de idade - e eis que leio o seguinte na discrição de uma das fotos com a cara metade: "Hoje é o seu dia, é primeiro dia dos seus 28 o primeiro dia do ano seguinte ao melhor ano da sua vida (...) Obrigado por me deixar fazer parte destes momentos, por me ter dado a melhor filha do universo (...) e por poder contar com a sua força, discernimento, inteligência, perspicácia, amor e apoio. Por si tudo, para si o mundo. Amo-te meu amor".

Ok, está um texto bonito, fofinho e amoroso, ainda que o tratamento na terceira pessoa me dê sempre a impressão de frieza, MAS PÁRA TUDO! Então é o tempo todo "você isto, você aquilo" e depois no fim acaba me isto com um "amo-te"?! Humm um texto tão chique para depois acabar assim sem um "amo-a"? Foi engano, só pode...!! Inicialmente pensei que se trata-se mesmo de um engano - às vezes a escrita inteligente nos telemóveis dá nisto - mas depois de cuscar mais um pouco percebi que "amo-te"  também pode ser usado no mundo ali da linha das tias, do jet set e das aparências. Ah, então para as questões mais afectuosas há que tratar por tu...ou isto é uma excepção? Estou baralhada...

 

Manias.

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