E se eu me despedisse? Seria mais feliz?
Há algum tempo que tenho vindo a questionar-me se a nível profissional faço aquilo que realmente gosto ou se estou a trabalhar apenas pelo salário que recebo no fim do mês.
Quando percebo que os Domingos a partir das 18H são altamente depressivos, que a vontade de trabalhar é nula e que o meu maior sonho neste momento é não só ir de férias como não voltar mais para este tormento, apercebo-me de que não só não gosto do meu trabalho como estou à beira de mandar tudo pelo ar.
A vontade de me demitir é grande mas o mercado instável faz-me sempre recuar na minha decisão.
Cada vez mais me apercebo do quão importante é a nossa satisfação e realização profissional e que a mesma muito dificilmente se consegue desgrudar da satisfação pessoal. Neste momento, a minha frustração está estampada na minha cara e nas minhas atitudes. Eu que sempre fui pro-activa e alegre, dei por mim vencida pelo cansaço e pela frustração do dia-a-dia. Posso dormir 8 horas mas chego a casa sempre de rastos e sem paciência para nada - 12 horas fora de casa e num sítio que não me deixa feliz, não seria para menos.
Dei por mim a perder qualidade de vida, a viver para o bem estar laboral dos meus superiores e a rebaixar-me a tudo. Há dias em que me sinto altamente sensível e só me apetece chorar e ficar os fins-de-semana no sofá deitada o dia todo - que deprimente, não acham?
O mais engraçado, é que a maioria das pessoas que me rodeiam estão igualmente esgotadas com esta rotina que nos é exigida diariamente e pela falta de reconhecimento de esforço e empenho por parte das empresas.
Há uns bons anos, quando terminei a licenciatura, deparei-me com um mercado de trabalho completamente saturado e sem opções para trabalhar na minha área de estudos. Como não me quis juntar aos milhares de desempregados da altura, decidi procurar trabalho e em áreas diferentes. Tive sorte, posso considerar. Nos últimos oito anos, sempre trabalhei em boas empresas, fui sempre ganhando mais e mais e nunca soube o que era a palavra desemprego, no entanto, não estou feliz.
A célebre citação "faz o que gostas e não terás de trabalhar um só dia da tua vida" parece-me cada vez mais uma utopia, uma completa irrealidade. "Larga tudo e procura algo que gostas", é outra das coisas que me dizem muito por aí, e meus queridos, não imaginam a vontade que tenho de o fazer...mas e depois? O que faço com os efeitos colaterais que essa decisão pode trazer? O que faço com as contas da casa, com a alimentação e tudo mais?
Largar tudo seria óptimo, mas neste momento impossível...ou perigoso.
Tenho uma vontade imensa de trocar o meu emprego por algo que me dê mais prazer, ainda que ganhe metade do que recebo actualmente. Não quero parecer ingrata, ainda para mais num país que tem uma taxa de desemprego tão significativa como o nosso, mas será justo depois de tantos anos de estudos e investimentos em cursos estar condenada a fazer algo que detesto?
Independentemente de tudo, decidi entrar em 2017 com uma atitude laboral mais positiva. Comecei a enviar currículos para empregos onde julgo que seria muito mais feliz do que a minha conta bancária porque em boa verdade, começo mesmo a achar que a felicidade não tem preço.