Sempre me considerei mega romântica e como tal, visitar Veneza com o meu mais que tudo sempre esteve na minha lista de sonhos. O ano passado finalmente lá arranjei umas fériazinhas para lá dar um saltinho e posso-vos dizer que adorei a cidade! Toda ela muito romântica, muito característica, muito única; já no que diz respeito ao povo italiano, garanto-vos que me desiludiu bastante. Achei-os muito pouco prestáveis, pouco atenciosos e muitas vezes bastante rudes - principalmente a dar informações. O inglês deles também não era grande coisa e também não fizeram grande esforço para nos entender, enfim, talvez tenha sido falta de sorte, de qualquer forma a pouca simpatia deles não estragou as minhas férias.
Veneza é uma ilha muito pequena e é facilmente vista em dois dias.
Durante o dia é bom dar uma voltinha para atravessar as belas pontes que ligam os canais; andar de gôndola (pelo menos uma vez porque cada viagem são cerca de 120€ no grande canal e 70€ nos canais mais pequenos); namorar muito; beber um café na Praça de São Marco; comer gelados (são divinais); voltar a namorar muito; para quem gosta de museus e igrejas também lá pode dar um saltinho; dar mais umas quantas voltinhas e mais uma vez namorar muito. Na minha opinião, Veneza é a típica cidade que se visita quando se está muito "in love" e se quer aproveitar todos os cantinhos românticos, todas os canais rústicos e todas as esplanadas com música para namorar - tão romântica que até encontrei um casal de noivos na ponte - até porque a cidade durante o dia não tem assim tanto que visitar e a vida nocturna é muito pobrezinha e com pouca vida.
Estive em Veneza em Fevereiro do ano passado e considerando a altura em que fui tive bastante sorte com o tempo. Não choveu, esteve quase sempre sol, e tendo em conta que não estava calor, os canais não cheiravam a esgoto - quem lá esteve no Verão com muito calor diz que o cheiro se torna insuportável.
Relativamente ao "onde ficar", os melhores hotéis são caríssimos (como devem imaginar). Esta viagem foi marcada tão em cima da hora que fui sem hotel marcado, sem roteiro para visitar, sem nada. A única coisa que tinha era um bilhete de avião comprado 2 dias antes, roupa e muita aventura e romance à flor da pele! Mal aterramos em Veneza, reservamos através da Booking um hotel de 70€ a noite pertinho da Praça de São Marco. Era um 3 estrelas, nada de muito por aí além mas tendo em conta a localização e os preços do sítio até considerei um bom achado.
Foram dois dias muito bem passados em Veneza, dois dias de muito amor e muito romance, depois disso, e sem mais nada que ver nesta bela cidade, apanhamos o comboio em Veneza Mestre rumo a Triestre para apanhar um autocarro com destino à Eslovénia...
Uma relação a dois, por muito que tenha os seus altos e baixos, só é realmente testada quando duas pessoas aceitam viver em conjunto debaixo do mesmo teto.
Uma ex-colega de faculdade que não dispensava uma ida ao café todas as noites depois do jantar, uma boa saída à noite, um bom programa de fim-de-semana cheio de adrenalina e outras coisas mais típicas de alguém com uma personalidade "vivaça" começou a namorar com um rapaz pacato que não gosta de cafés, que não tem paciência para noitadas e que não é muito dado à adrenalina. Inicialmente, tudo parecia ser perfeitamente aceitável porque na opinião dela, tal como dizia o velho ditado, os opostos atraem-se e o amor no fundo é o que prevalece. Por este motivo decidiram há uns meses arrendar uma casa juntos, viver uma nova fase e testar se esta teoria lhes assentava que nem uma luva.
Recentemente encontrei-me com ela. Achei-a um pouco desanimada e apenas muitos dedos de conversa depois, consegui arrancar a saca-rolhas o motivo de todo aquele desânimo: afinal, os opostos podem atrair-se, mas nem sempre se suportam.
A minha ex-colega que estava habituada a fazer tudo, não fazia quase nada. Ele que era pacato - demasiado pacato - não gostava de fazer grande coisa, nem de conviver em jantares, saídas com amigos e afins e preferia ao invés de tudo isso, ficar em casa a jogar Ps4, ver séries e dormir. Ainda tentei perceber junto dela se não poderiam falar sobre o assunto e tentar arranjar uma forma de ambos fazerem algo que gostassem em conjunto mas acabei por perceber que ela já se tinha acomodado. Fiquei triste por ela, não parecia a colega que em tempos me desafiava para tudo e mais alguma coisa sempre com uma energia contagiante.
Fiquei a pensar naquilo. Não percebo porque é que para muitas pessoas a palavra casal tem como sinónimo acomodação. Será assim tão irreal entender-se que uma vida a dois não é uma acomodação mas sim uma junção daquilo que duas pessoas fazem, gostam e querem partilhar com a cara metade? Acredito que numa relação nem todos gostem do mesmo e isso é mais do que aceitável, mas ninguém deverá abdicar de algo que quer ou que gosta em prol de outra pessoa se esta não estiver disposta a fazer o mesmo por ela.
Já dizia a jornalista Martha Medeiros:
" Ninguém sabe direito o que é felicidade, mas, definitivamente, não é acomodação. Acomodar-se é o mesmo que fazer uma longa viagem no piloto automático. Muito seguro, mas que aborrecimento. É preciso um pouquinho de turbulência para a gente acordar e sentir alguma coisa, nem que seja medo."
As relações amorosas podem ser equiparadas a uma montanha russa porque - para além do famoso cliché de que uma
relação traz consigo um turbilhão de sentimentos - ou adoramos e ficamos com a adrenalina em alta ou ficamos enjoados e desiludidos e não queremos voltar tão depressa.
Gostar de uma pessoa é gostar de uma série de coisas nela mas é também ter paciência para aquilo que é menos bom.
O início de uma relação é sempre fantástico, tudo é cor-de-rosa, o sol brilha e os passarinhos cantam. No entanto, com o passar do tempo, vêm à tona os defeitos e as coisas menos boas e é nesse momento que o significado da palavra gostar ganha sentido e a partir daí, existem apenas duas opções: ou se dá um chuto naquele amor e mandamo-lo pela janela ou continuamos e aprendemos o significado da palavra paciência.
Ter paciência é acima de tudo acreditar que vale a pena porque se não vale a pena não merece o esforço nem a dedicação.
Na minha singela opinião, a paciência pode ser considerada uma virtude, ou como se costuma dizer "aquele que tem paciência alcançará o que deseja", ou ainda que "o paciente é o mais forte". Eu não discordo de todo com estas afirmações, só que, no que diz respeito às relações, existem alguns limites e ter paciência pode ser bom mas também se pode tornar, a longo prazo, em algo desgastante. As relações são muito frágeis e podem facilmente entrar em conflito quando nos é difícil aceitar que a outra pessoa possa ter pensamentos diferentes dos nossos, hábitos completamente distintos e formas opostas de agir porque à medida que as relações se intensificam, as pessoas passam a exibir quem realmente são. Apesar de todas as diferenças, as coisas podem dar certo, só é preciso que um e outro se sintam amparados nas suas inquietações, estejam dispostos a ensinar e a aprender a confiar, a respeitar as diferenças que há entre os dois, e no fim, fazer com tudo sirva para que os dois se divirtam e estejam em harmonia, mesmo em casa -principalmente em casa -. Por isso caríssimos e caríssimas, tenham paciência mas não abusem em demasia da vossa nem da dos outros porque ela não é de ferro, não mintam e respeitem se também querem ser respeitados.
O que é realmente importante é querermos fortalecer as relações com o máximo possível de clareza, maturidade e perceber que não existe o lado A ou o lado B porque no fundo, estar numa relação, é jogar na mesma equipa.