Sorrisos, procuram-se...
Sexta-feira, véspera de fim-de-semana, o tão aguardado dia que a mim me enche de ânimo e felicidade. Entro no metro do Campo Grande com uma soneira daquelas em cima mas feliz por saber que 10 horas depois tenho 2 dias para fazer o que bem entender sem horas para acordar e heis que, logo para abrir a pestana, entra um casal na Cidade Universitária aos berros um com o outro,. Ela sai no Saldanha, ele prossegue viagem, furioso. Penso para comigo: que mau acordar tiveram estes dois! E pensando isto, olho para as minhas pernas e deparo-me com um rasgão daqueles no meu collant de lycra! Boa!! Era mesmo isto que eu precisava agora! Mas tudo bem. Saio já meio à pressa (porque como sempre, ainda que o meu relógio esteja 10 minutos adiantado, raramente consigo chegar cedo a qualquer lado) e entro a correr dentro de uma loja de meias na estação do Marquês de Pombal. Olho para a grande oferta de meias e tento perceber qual é a mais opaca (sim, ter um derrame na perna obrigou-me a tentar esconde-lo ao màximo!!) mas que ao mesmo tempo não tenha ar de collant de velhinha. E enquanto estava uma cliente a efectuar o pagamento de umas meias na caixa, eu pergunto ÚNICA e EXCLUSIVAMENTE à funcionaria (única funcionária) se só tinham aqueles números de colllant. A simpática da funcionária respondeu-me que não e é então que um grunhido seguido de guincho e de um outro som que nem consigo decifrar sai da boca da cliente que estava a efectuar o pagamento deixando-me a mim e à funcionária pasmadas a olhar para ela. E não contente com o facto de ter prendido a nossa atenção, começou aos berros dentro da loja dizendo que tinha prioridade de atendimento, que a funcionária não tinha de atender outras pessoas enquanto efectuava pagamentos de outros, e que já não há civismo em Portugal, e que estamos todos entregues à bicharada, e que...e que... e que...! Gostava que tivessem visto a cara da funcionária que, coitada, não sabia onde se haveria de meter. A mim deu-me vontade de tirar o meu grande salto alto do pé e enfia-lo no meio da cara dela. Mas não o fiz. Fiquei-me por pensamentos. Uns escassos 5 minutos depois de ter saído da loja, já na Avenida da Liberdade, vem contra mim um homem apressado, stressado, carrancudo...quase que me fez cair ali no meio da rua! Prosseguiu o seu caminho sem um único pedido de desculpas. Juro que pensei para mim e para os meus botões "QUE MERDA! É SEXTA-FEIRA E ESTA GENTE ESTÁ TODA MAL HUMORADA!" Foi então que olhei à minha volta e entendi...os portugueses andam tristes e stressados com tudo isto da crise, dos atentados, dos governos. Muitos são mal pagos, outros nem trabalho têm. A grande maioria (tal como eu) começa o dia bem cedo e só volta a casa com a noite cerrada. Bolas! por favor...SORRISOS, PROCURAM-SE!!