Se há coisa que eu acho nojenta neste mundo, é ver homens com unhas grandes. Dá-lhes um ar asqueroso, pouco higiénico e maléfico. Aqui pelo nosso país, ainda se vêm uns quantos com a unhaca do dedo mindinho enorme - e amarela.
Sempre me questionei sobre o motivo que os levam a deixa-las crescer como se não houvesse amanhã. É para tirar a nhanha dos ouvidos? É para limpar o salão do nariz a fundo? É uma arma de defesa pessoal que, em caso de perigo, perfura a pele como um canivete suíço?
Felizmente, quer me parecer que a moda da unhaca grande do dedo mindinho começou a desaparecer no nosso país, no entanto, o mesmo já não se pode dizer dos nossos amiguinhos chineses.
Quando estive em Singapura, deparei-me com esta asquerosa realidade em praticamente todos os rapazes chineses que estudavam comigo. Podiam ter as unhas todas aparadinhas dos restantes dedos, mas o mindinho...esse não falhava! Lá estava a bela da unha amarela e aguçada, qual espada Samurai a sair-lhes do dedo.
Regressei ao meu país e esqueci-me por alguns anos desta triste moda, até me deparar hoje no metro com um grupo de amigos chineses. Todos eles com a unha grande, e pior que isso, suja! Resolvi matar a minha curiosidade e pesquisar sobre a verdadeira razão por detrás da unha asiática nojenta. Descobri então que, apesar de para muitos de nós ser um hábito um pouco duvidoso, o tamanho da unha do dedo mindinho na China está relacionado com a classe social. Quanto maior a unha, maior a classe social da pessoa em questão.
Distinções sociais à parte, para mim, a unhaca nos homens, quer-se bem rente e limpinha e acabou-se a conversa!
Quem tem de se deslocar logo pela manhã até ao centro de Lisboa e não tem possibilidade de levar o carro, vê-se obrigado a passar por uma agitação matinal no metro que já virou rotina.
Há mais de 10 anos que me desloco de metro para o centro da cidade em hora de ponta e nunca me tinha deparado com algo assim. Só durante esta semana, já perdi a conta à quantidade de vezes em que fiquei do lado de cá da carruagem do metro por ser impossível entrar dentro da mesma de tão cheia que vai. Quando por fim após alguns empurrões consigo entrar na carruagem, percebo que o panorama é sempre o mesmo: os passageiros parecem sardinhas enlatadas de tão apertados que vão e surge sempre uma discussão devido ao aperto. A discussão de hoje foi entre duas senhoras, uma loira e uma morena. A senhora morena barafustava porque a permanente loira da outra senhora lhe roçava na cara e isso incomodava-a muito. Por sua vez, a loira retorquiu que nada poderia fazer, não havia qualquer espaço para onde se pudesse mexer. A morena continuava a estrebuchar dizendo que é uma vergonha pagar um passe mensal para levar com o cabelo dos outros na cara logo pela manhã.
Não há grande coisa que se possa fazer, essa é a verdade. Temos muitos poucos parques de estacionamento na nossa cidade e os poucos que temos são caros como o raio! E depois, a verdade é que só de pensar que até chegar ao centro temos de levar com filas de trânsito infernais e intermináveis, é logo meio caminho andado para desistir do popó e optar por levar com cabelos mal lavados na cara, mau hálito e faltas de desodorizante - pensem nisto como uma ajudinha extra para abrirem logo a pestana!
Há uns anos atrás, quando me deparei com o mesmo cenário no metro de Singapura, agradeci aos céus por em Portugal ainda haver espaço para todos na carruagem sem empurrões e sem ter de ficar na estação na esperança de conseguir entrar na próxima carruagem - foi sol de pouca dura!
Todos nós estamos sujeitos a lidar com situações de emergência, quer sejam por lesões, acidentes, doenças crónicas ou doenças inesperadas. A grande maioria, julga que, ao se deparar com uma situação de emergência, sabe perfeitamente o que fazer, mas será que no momento sabemos mesmo como agir?
Há dias a minha mana ligou-me muito aflita. No comboio onde seguia, um dos passageiros com cerca de 35 anos de idade, começou a sentir-se mal. Estava muito suado, mal disposto e com fortes dores no peito. Enquanto um dos passageiros ligava para o 112, o senhor perdeu os sentidos e caiu para o lado. Ao se aperceberem da gravidade da situação, a maioria das pessoas entrou em pânico. Alguns palpites - quem sabe se mais certeiros - pediam para colocar o Sr. de lado enquanto lhe molhavam as mãos com água fria. É certo que todos tentavam ajudar, mas a incerteza do que seria o mais correcto a fazer pairava no ar.
A equipa do INEM chegou dez minutos depois. Começaram por fazer uma massagem cardíaca mas ao se aperceberem de que o senhor já se encontrava em paragem cardiorespiratória, evacuaram toda a carruagem e com a ajuda de um desfibrilador, deram início à reanimação.
Segundo um dos polícias que aguardava cá fora junto dos restantes passageiros, já não havia muito a fazer, tinha sido tarde demais. O senhor tido tido um AVC e não havia sobrevivido - mas cada um ali presente, mandou a sua posta de pescada sobre o desfecho do assunto. Se o senhor sobreviveu ou não, a minha mana não sabe. Espero que sim. Segundo ela, foi levado para dentro da ambulância e nunca mais se soube de nada.
A verdade é que toda esta história me fez pensar. Se eu lá estivesse, o que mais poderia fazer?
O mais correcto seria iniciar uma massagem cardiorespiratória manual no entanto, a falta de experiência e sabedoria sobre o assunto, deixar-me-ia petrificada e esse meus amigos, é o problema que a grande maioria de nós enfrenta ao se deparar com uma situação destas.
Recordo-me da minha tia me contar que, num passeio que fez pela Serra da Estrela, se deparou com uma mãe num desespero total ao ver a filha de 8 meses engasgada com leite. A minha tia por sorte, tinha tirado um curso de primeiros socorros e conseguiu auxiliar aquela mãe desesperada com a bebé já roxa nos braços, mas a maioria das pessoas, estavam consumidas pelo pânico sem saberem o que fazer.
Se um curso de primeiros socorros é assim tão importante, não seria bom implementa-lo como disciplina obrigatória do ensino básico/secundário?
Enquanto andei na escola, deparei-me com tanta disciplina e tanta matéria desinteressante que actualmente em nada contribui para a minha vida ou para o meu desempenho social que, julgo que isto, faria todo o sentido uma vez que, em muitas escolas da Europa, este já é um curso que faz parte do plano curricular.
Com tantas leis descabidas, bem que o Ministério da Educação poderia reflectir seriamente sobre este assunto e, quem sabe, implementar uma nova disciplina de suporte básico de vida...
Quem sabe quantas vidas poderiam ser salvas se nos conseguíssemos aperceber e agir a tempo de as socorrer?